ROMA (Reuters) - O autor italiano antimáfia Roberto Saviano chorou no tribunal nesta segunda-feira, quando os juízes mantiveram a condenação de um famoso chefe da máfia que o ameaçou.

Francesco Bidognetti, ex-líder da máfia napolitana Camorra que já estava cumprindo pena de prisão perpétua por uma série de outros crimes graves, foi condenado a 18 meses por intimidação.

O tribunal de apelações de Roma confirmou uma decisão de 2021 de um tribunal inferior e também manteve a sentença de 14 meses para o ex-advogado de Bidognetti Michele Santonastaso pelo mesmo crime.

Após o veredicto, Saviano, de 45 anos, soluçou copiosamente enquanto abraçava seu advogado. Ele disse aos repórteres que os mafiosos da Camorra haviam "roubado sua vida", forçando-o a viver sob proteção 24 horas por dia.

As condenações estão relacionadas a uma mensagem que Santonastaso leu no tribunal em 2008, durante outro julgamento, em nome de Bidognetti e de outro chefe da Camorra.

A mensagem continha um "convite" a Saviano e a outro jornalista para que "fizessem seu trabalho corretamente", interpretado como uma sugestão não tão sutil para que parassem de escrever sobre a máfia napolitana.

Saviano vive sob escolta policial desde 2006, quando publicou "Gomorra", uma exposição sobre a Camorra que também foi transformada em filme e série de TV.

O enorme sucesso do livro transformou Saviano em uma figura pública, mas também em um inimigo do implacável clã da Camorra de Bidognetti, os Casalesi.

(Reportagem de Paolo Chiriatti)