Em repressão à imigração em Chicago, agentes invadem creche e centro de idosos
Por Emily Schmall e Heather Schlitz CHICAGO (Reuters) - Uma creche de imersão em língua espanhola em um bairro residencial arborizado na zona norte de Chicago foi invadida por agentes federais de
Por Emily Schmall e Heather Schlitz
CHICAGO (Reuters) - Uma creche de imersão em língua espanhola em um bairro residencial arborizado na zona norte de Chicago foi invadida por agentes federais de imigração nesta quarta-feira e uma professora foi levada, deixando em pânico os administradores da escola e os pais de bebês, crianças pequenas e crianças do pré-jardim de infância do centro, disse um funcionário da creche à Reuters.
Imagens obtidas pela WGN-TV local mostraram dois homens, um deles usando uma balaclava, arrastando uma mulher para fora das portas coloridas da creche Rayito de Sol enquanto ela gritava. Os homens usavam coletes que diziam "Police" (Polícia), mas nenhuma outra marca de agência era visível.
A mulher, que foi identificada em um grupo de texto de pais compartilhado com a Reuters como Diana Santillana, uma professora infantil de Medellín, Colômbia, pode ser ouvida dizendo em espanhol: "Eu tenho documentos".
Os agentes agarraram a professora na frente das crianças, disse o deputado Mike Quigley, um democrata de Illinois, em um comunicado. Pais chocados, que disseram terem recebido da escola a informação de que todos os professores estavam legalmente autorizados a trabalhar, ficaram no estacionamento do Rayito de Sol após a batida da imigração.
"As crianças estavam chorando, os pais estavam chorando", disse Tara Goodarzi, uma advogada que estava deixando seu filho de 3 anos na Rayito de Sol quando três agentes entraram no prédio. "Essa é uma cena que não vamos esquecer", disse.
Laura Tober, mãe de uma criança da turma de Santillana, descreveu-a como gentil e atenciosa. "Na segunda-feira, minha filha andou pela primeira vez para ela e ela mal podia esperar para me contar", relatou.
A batida na creche marcou uma reviravolta na agressiva repressão à imigração do presidente dos EUA, Donald Trump, em Chicago, iniciada em setembro com o objetivo declarado de perseguir criminosos perigosos sem o direito legal de residir nos EUA, que já resultou em mais de 3.000 prisões, segundo o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês), incluindo cidadãos americanos e pessoas sem antecedentes criminais.
Em uma declaração à Reuters, a porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin, disse que os agentes do Departamento de Imigração e Alfândega perseguiram uma mulher colombiana e um homem na área de entrada da creche depois que eles fugiram de uma "blitz de trânsito direcionada".
Na semana passada, agentes federais de imigração visaram Evanston, Illinois, um subúrbio ao norte de Chicago que abriga a Northwestern University, em uma varredura que incluiu uma batida em uma comunidade de aposentados.
Em 31 de outubro, três cidadãos norte-americanos que estavam assistindo à prisão violenta de uma mulher foram empurrados para dentro do carro de um agente e conduzidos por horas antes de serem liberados em um escritório de campo do FBI sem acusações, segundo ação judicial em um caso federal apresentado por jornalistas e manifestantes contra o uso da força pelos agentes de imigração.
Dois dias antes, Don Rogan, um professor aposentado do ensino médio, estava saindo do Westminster Place, um complexo para idosos em Evanston, quando encontrou a estrada particular bloqueada por um SUV estacionado ao lado de um trailer de jardinagem. Homens armados e camuflados saíram da SUV e um deles correu atrás de um dos jardineiros, que escapou da captura escondendo-se nos arbustos, disse Rogan.
O episódio fez com que Rogan, de 89 anos, se lembrasse da repressão do prefeito de Chicago, Richard J. Daley, contra os manifestantes que participavam da Convenção Nacional Democrata em 1968.
"Isso me trouxe de volta aquele lampejo de memória: 'Oh, meu Deus. O que estamos fazendo, e o que está acontecendo, e não é assim que deve ser", disse.
As táticas dos agentes federais de imigração também foram examinadas em Los Angeles na terça-feira.
Agentes da Patrulha de Fronteira detiveram um cidadão norte-americano em um estacionamento da Home Depot enquanto sua filha estava sentada no veículo preso a uma cadeirinha, mostrou vídeo feito por espectadores e um porta-voz do DHS.
Após a detenção do pai, dois agentes mascarados, incluindo um que portava um fuzil de assalto, entraram no carro e foram embora com a filha do homem, enquanto pessoas que se reuniam nas proximidades gritavam para que parassem.
O porta-voz do DHS disse que o pai havia saído do carro, empunhado um martelo e jogado pedras nos agentes. O porta-voz disse ainda que ele tinha uma arma roubada em seu carro e um mandado ativo por danos à propriedade.
A Reuters não conseguiu confirmar as alegações de forma independente.
A menina foi devolvida à mãe horas depois, informou um porta-voz da Coalition for Humane Immigrant Rights.
(Reportagem de Emily Schmall e Heather Schlitz em Chicago; reportagem adicional de Kristina Cooke em São Francisco e Ted Hesson em Washington)