Filme de Poitras em Veneza destaca as batalhas de Seymour Hersh contra o poder dos EUA
Por Crispian Balmer VENEZA (Reuters) - "Cover-Up", um documentário que narra a carreira do jornalista investigativo norte-americano Seymour Hersh, estreou no Festival de Cinema de Veneza nesta sexta-

Por Crispian Balmer
VENEZA (Reuters) - "Cover-Up", um documentário que narra a carreira do jornalista investigativo norte-americano Seymour Hersh, estreou no Festival de Cinema de Veneza nesta sexta-feira, oferecendo um retrato de um repórter cujo trabalho expôs alguns dos segredos mais obscuros dos Estados Unidos.
Dirigido pela vencedora do Oscar Laura Poitras e pelo colaborador de longa data Mark Obenhaus, o filme traça a ascensão de Hersh, que passou de ajudante na lavanderia de sua família a repórter de notícias que abalaram repetidamente o establishment dos EUA.
"Meu trabalho tende a seguir pessoas problemáticas, pessoas que falam a verdade ao poder, como Sy (Hersh)", disse Poitras, que ganhou o cobiçado prêmio Leão de Ouro em Veneza em 2022 por seu documentário sobre a fotógrafa ativista Nan Goldin.
Hersh ficou conhecido internacionalmente por ter dado a notícia, em 1969, sobre o massacre de aldeões sul-vietnamitas pelas tropas americanas no vilarejo de My Lai, o que foi creditado por ajudar a pôr fim à Guerra do Vietnã.
Ele também escreveu livros aclamados pela crítica sobre a derrubada de um jato de passageiros sul-coreano pelos soviéticos em 1983, o programa de armas nucleares de Israel e os abusos cometidos por soldados norte-americanos contra os detentos da prisão de Abu Ghraib, em Bagdá, durante a ocupação do Iraque pelos EUA.
O filme, que está sendo exibido fora da competição em Veneza, acompanha os altos e baixos de sua carreira, na qual ele sempre trabalhou como um outsider desorganizado que buscava descobrir segredos militares e das agências de inteligência dos EUA.
Ainda ativo aos 88 anos de idade, Hersh disse que ficou surpreso com o fato de poucos repórteres estarem dispostos a desafiar a autoridade nos Estados Unidos, apesar de anos de escândalos e abusos de alto nível.
"Ainda há integridade na América neste momento, mas estamos em... uma crise existencial", disse Hersh na mesma coletiva de imprensa, acrescentando que estava determinado a investigar o presidente dos EUA, Donald Trump.
"Não tenho o tipo de acesso a ele (que preciso), mas estou trabalhando nisso", disse.